São mais de duas centenas os músicos que, dia 21 de abril, vão encher o palco do Grande Auditório do Europarque. O Coro Sinfónico Lisboa Cantat e o Coro Polifónico da Lapa juntam-se à já habitual presença da Orquestra Filarmónica Portuguesa (OFP) na Cidade dos Eventos para um concerto que celebra os 50 anos da liberdade e da democracia e terá como protagonista uma das maiores obras-primas da história musical.
“Ressurreição” é o nome da imponente 2ª Sinfonia de Gustav Mahler que, sob a direção do maestro Osvaldo Ferreira, vai juntar em palco mais de duas centenas de artistas, poucos dias antes das “bodas de ouro” da democracia portuguesa.
“É uma obra muito especial porque é das sinfonias que envolve um maior efetivo orquestral e de cantores, estarão mais de 200 músicos em palco, o que é só de si, gigantesco”, começa por afirmar, entusiasmado, Osvaldo Ferreira, maestro da OFP, que acrescenta: “Mahler disse que uma sinfonia tem de conter tudo aquilo que contem a vida de um Homem e esta obra consegue ir ao encontro disso mesmo”.
Sobre o que esperar do concerto, o maestro não tem dúvidas que será uma “uma experiência sem igual”. A música é extraordinária, é muito envolvente e tem momentos de tudo: romantismo total, de uma beleza extraordinária, pincelada com momentos de uma ira quase catastrófica, seguida de um fim que remete para a redenção com a aparição do coro… é uma experiência realmente arrebatadora”, revela Osvaldo Ferreira.
A escassos dias da celebração dos 50 anos do 25 de Abril, o maestro revela-se orgulhoso da “feliz coincidência”: “Esta é uma obra que passa por uma sensação de angústia e sofrimento que vão evoluindo gradualmente no sentido de um espírito livre, alimentado pela procura determinante da esperança, um bocadinho à semelhança do país em 1974, que soube renascer na procura incessante de ser feliz”.
A responsabilidade social das “vozes” da Ressurreição
Dia 21 de abril serão mais de 200 os músicos que vão pisar o palco do Grande Auditório do Europarque, neste que será o quinto e derradeiro concerto que junta a OFP às vozes do Coro Sinfónico Lisboa Cantat, do Coro Polifónico da Lapa e das solistas desta obra, a soprano Bárbara Barradas e a mezzo-soprano Cátia Moreso.
Mas por trás de um grande concerto está uma organização complexa que envolve três autocarros, hotéis esgotados e ensaios tripartidos, uma “verdadeira indústria musical” que tem percorrido o país.
“Cada vez que andamos na estrada precisamos de três autocarros de 70 lugares, mais carrinhas para os instrumentos, transporte para o pessoal da produção, mais logística de hotéis, que muitas vezes esgotamos, refeições… isto significa muito dinheiro e, sobretudo, muita organização”, revela Osvaldo Ferreira.
Uma organização que depende do esforço de um grande número de pessoas dentro e fora do palco, o que acentua o sentimento de “responsabilidade social”. “Para além do concerto em si, promovemos trabalho para muitos setores, o que é importante para todas as partes, não só para nós, mas para todas as pessoas que trabalham connosco, para as salas de espetáculos e para as cidades onde atuamos. Há um grande sentimento de responsabilidade social associado aos nossos concertos”, recorda o maestro.
A Cidade dos Eventos prepara-se para “fechar com chave de ouro” uma série de cinco concertos que levou a épica sinfonia de Gustav Mahler de norte a sul do país. Dia 21 de abril, afinam-se as vozes e a orquestra para um concerto único, repleto de talento em nome de uma esperança forte e renovadora associada a uma das maiores obras-primas da história musical.