Do pianista Benjamin Grosvenor dizem que “tudo o que toca se transforma em ouro” e da violonista sul-coreana Hyeyoon Park, que o acompanha em palco, que é “arrebatadora”. Já sobre a pianista ucraniana Anna Fedorova, referem que é “infalivelmente sensível e poética”, que no YouTube protagoniza o concerto clássico mais visualizado de sempre e que já angariou mais de 500 mil euros para ajudar o seu país a sobreviver à guerra.
São estes os solistas que o FIMUV – Festival Internacional de Música de Paços de Brandão leva a 12 e 13 de outubro a diferentes salas de Santa Maria da Feira, em concertos de entrada gratuita.
O segundo fim-de-semana de outubro vai ser de concertos de luxo na 46.ª edição do FIMUV – Festival Internacional de Música de Paços de Brandão, que no dia 12 leva ao Auditório da Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira um concerto pela dupla Benjamim Grosvenor e Hyeyoon Park, e no dia seguinte apresenta Anna Fedorova no auditório da Academia de Música de Paços. “São solistas de excelência, que, dado o seu talento e sensibilidade a vários níveis, estão a cativar seguidores fiéis um pouco por todo o mundo, a cada espetáculo de luxo que protagonizam”, realça Augusto Trindade, diretor artístico do festival.
O primeiro concerto, pelas 21h30, tem dupla nacionalidade: o pianista Benjamin Grosvenor é britânico e ainda recentemente foi descrito pela revista Spectator como “um génio que atingiu o pico dos seus poderes interpretativos” e pela Classical Source como um músico que “transforma em ouro” tudo o que toca; e a violinista Hyeyoon Park é sul-coreana e foi classificada por críticos como os do jornal alemão Süddeutsche Zeitung como uma artista “de tirar o fôlego”, e, portanto, “arrebatadora”.
Ao FIMUV os dois músicos trazem um programa composto por obras de Mozart, Tōru Takemitsu, Debussy, Ralph Vaughan Williams e Edvard Grieg. Essas composições darão oportunidade a Benjamin Grosvenor de demonstrar porque é que aos 32 anos é reconhecido internacionalmente pelo seu lirismo sonoro e brilhantismo discreto no teclado. Apontam-no, aliás, como um dos pianistas mais importantes das últimas décadas, já que, ao assinar com a editora Decca Classics em 2011, se tornou o mais jovem músico britânico de todos os tempos a ter um contrato discográfico e o primeiro pianista do seu país a consegui-lo em quase 60 anos. A emblemática editora Gramophone deu-lhe ainda mais reputação: reconheceu-o já como um dos 50 melhores pianistas alguma vez registrados em disco.
Também nascida em 1992, a sul-coreana Hyeyoon Park, por sua vez, é elogiada pelo seu excelente foco e virtuosismo, e por uma sonoridade rica de particular integridade musical. Em 2009 foi a mais jovem vencedora do Concurso Internacional de Música ARD, em Munique, e atualmente é requisitada tanto para solos de violino como para música de câmara. Ao FIMUV trará “A ascensão da cotovia”, obra que a Decca Classics a convidou a gravar digitalmente com Grosvenor para assinalar o 150.º aniversário de Vaughan Williams e cujo registo os críticos da BBC Radio 3 enalteceram por uma “elevada beleza, de intimidade quase coloquial”.
Mais de 40 milhões de visualizações no YouTube e mais de 500 mil euros para a Ucrânia
O concerto do dia 13, pelas 17h30, será protagonizado pela pianista ucraniana Anna Fedorova, cuja interpretação em vídeo do concerto N.º 2 de Rachmaninoff, gravada ao vivo no auditório da Orquestra Real holandesa, já acumula mais de 40 milhões de visualizações e, segundo os seus agentes, se tornou assim o concerto clássico mais visto de sempre na plataforma YouTube.
Habituada a palcos de reputação mundial como o Carnegie Hall de Nova Iorque, o Concertgebouw de Amesterdão, a Filarmónica de Varsóvia ou o Teatro Colon de Buenos Aires, Anna Fedorova acrescenta agora à lista o auditório da Academia de Música de Paços de Brandão, no que Augusto Trindade espera que seja “um momento de refinado prazer artístico para o público em geral e uma experiência inspiradora e motivacional para os estudantes de música” desse e ouros estabelecimentos de ensino.
Mas, além de musical e artístico, o exemplo da pianista é também social: no verão de 2022 aceitou ser solista na Orquestra da Liberdade Ucraniana e, sob a condução do maestro Keri-Lynn Wilson, sensibilizou plateias em vários países para o conflito no seu país; no mesmo ano, fundou com o contrabaixista Nicholas Santagelo Schwartz a Davidsbündler Music Academy, na cidade de Haia, e ainda antes da abertura oficial da escola já proporcionava educação musical de alta qualidade aos ucranianos refugiados na Holanda.
Só entre março e abril de 2022, logo um a dois meses após o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, Anna Fedorova realizou com músicos amigos e conhecidos mais de 20 concertos de solidariedade, angariando um montante superior a 500 mil euros para causas sociais de apoio ao seu país natal.
Do Festival da Canção para o FIMUV
Num registo musical totalmente diferente, antes os dos concertos de Benjamin Grosvenor, Hyeyoon Park e Anna Fedorova, o FIMUV apresenta também os Voodoo Marmalade, banda portuguesa lisboeta que recorre a ukuleles, vozes e percussão para criar um rock festivo e enérgico. Em 2023 o grupo levou ao Festival da Canção o tema “Tormento” e agora, no dia 11 de outubro, traz ao Auditório do CiRAC um espetáculo que, a partir das 21h30 e também com entrada gratuita, irá cruzar composições originais com covers criativos de outros artistas, para o que a banda antecipa como “uma hipnotizante odisseia musical pelos mais diversos estilos”
